13 de jun. de 2010

Goal: Education for all



Copa do Mundo 2010 e a Educação



Assim foi a motivação inicial para da Abertura da Copa do Mundo de Futebol na África do Sul, traduzindo “um gol: educação para todos”. Uma alusão da urgência da necessidade de que todas as crianças na África estejam na escola. Segundo os dados apresentados 72 milhões de crianças não tem ensino no continente.
O continente que é o berço do mundo neste próximo mês será o berço de inúmeras seleções que nos presentearão com belos espetáculos futebolísticos e com certeza, como bons brasileiros, esperamos que a nossa seleção traga pra casa o “hexa”!

O espetáculo produzido por toda organização do país-sede nos deixou “estupefatos”, para quem ainda tinha preconceitos que países em desenvolvimento não tem condições de realizar grandes eventos ou, que achava que tudo lá era safári, como muitos pensam do Brasil, ficaram calados diante do potencial que esse povo demonstra ter.

Não quero ficar fazendo elogios e comentários esportivos pois, não tenho aptidão nenhuma para isso, e a mídia já dispõe inúmeros para nós, mas como bom brasileiro que gosta de futebol e arte quero mencionar algumas coisas que pude ver na Abertura da Copa e que nos deve fazer refletir como cristãos.

Primeiramente, o apelo social que o presidente da África do Sul suscitou ao mundo: “Fazer um gol pela educação de todas as crianças africanas” (1 Goal: Education for all), trata-se de um apelo ao mundo para que volte o seu olhar sobre a África e aos continentes em desenvolvimento e comecem a devolver tudo o que exploraram nos seus “pseudos” processos de colonização. Trata-se de cada país explorador ter o mínimo de dignidade e justiça e devolver o que, literalmente, roubaram em suas expedições. Essa solidariedade era expressa por inúmeras personalidades, que apareciam no telão e diziam: “1 Goal!”

Em segundo lugar, o espírito de unidade da organização do evento, que convocou artistas de todos os cantos do mundo para animarem tão grande festa e que a meu ver proporcionaram uma simbólica oportunidade, de acolher de volta a todos no berço da origem da humanidade. “A mãe África espera a todos nós!”


Em terceiro lugar, a localização do estádio construído para a realização da festa, no bairro chamado “Soweto”, o que antes era o lugar da segregação, lugar destinado para os negros do Apartheid, agora é local para o mundo, não há mais “branco” e “não-branco”, há uma humanidade que luta por direito e igualdade, que com certeza ainda tem muito a crescer para superar os preconceitos mas que dá passos firmes para uma constante transformação.


Em quarto lugar, quero chamar a atenção para aquilo que com certeza a imprensa não dará muita atenção, porque isso não dá ibope, para a presença do Arcebispo Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz em 1984, que acolheu a todos e nos fez voltar os olhos para aquilo que foi possível, a grande festa da Copa, quando se muda o olhar sobre o outro. Quando aprendemos que todos somos irmãos e irmãs e que não deve existir mais nenhuma separação entre nós (alusão ao Apartheid ). Esse arcebispo é um profeta vivo! Que foi impedido de falar por muito tempo no período do Apartheid mas que foi grande aliado de Nelson Mandela pela reconstrução de uma África do Sul mais humana. A imagem desse homem me emocionava e muito, diante de uma Igreja fragilizada nestes últimos tempos surge sinais, como a Phoenix surgindo das cinzas, para nos mostrar que entre nós há muito mais pessoas capazes, amantes de Jesus Cristo e do Reino do que pessoas doentes e fragilizadas.


Apesar de tudo que pude ver, junto com o mundo, na Abertura da Copa do Mundo, nada pode apagar as marcas deixadas naquele povo sofrido do continente africano, aliás só podemos pedir a eles que perdoem os que lhes feriram. Perdoar não é esquecer, pois, se eles esquecerem outros tentaram fazer de novo o que já fizeram! É bom que tenham sempre na memória o que passaram, sobretudo pelo Apartheid, para que possam lutar cada vez que alguém tentar manchar essa nova história que temos visto essa gente construir.


Avante “Bafanas, Bafanas” – “Gorotos, Garotos” (como é carinhosamente chamada a seleção sul-africana) que vocês possam brilhar e continuar ensinando o mundo a marcar o seu “One Goal”
.Pe. Luiz Ferro



Pároco da paróquia São Pedro Apóstolo - Ipiranga - Ribeirão Preto - SP



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